Estávamos no ano de 2008 e em conversa com o meu amigo Rikas, este diz-me:
"Sabes o que provei este fim de semana?"
"Não, diz lá"
"Um gin, numa garrafa que parecia um frasco antigo das farmácias, feito com pepino."
"Pepino? Mas isso soube-te bem? De certeza que não estavas bêbado e confundiste a lima com o pepino? "
"Quanto ao pepino, eu depois digo-te onde e como se mete, já no que toca ao sabor, tens de provar."
Tirei-me dos meus cuidados e fui ter com o Vítor Marques, meu grande amigo de infância e agora distribuidor de pinga e perguntei-lhe:
"Vitor, arranjas-me umas garrafas de gin Hendricks?"
"Gin Hendricks? Que raio de coisa é essa? Nunca ouvi falar, também lembras-te de cada coisa".
Entre telefonemas e conversas cruzadas, lá ouve alguém que lhe disse que tinha e que arranjava, ora como íamos ter uma festa da reentré de verão, era a altura ideal para presentear a rapaziada com uma novidade, etilicamente falando.
Chegou o dia da festa, chamei o Rikas e disse-lhe:
"Como és o mais encartado nesta novidade, toma lá os ingredientes e presenteia-nos com uma pinga que nos faça chorar e pedir mais". Ora o rapaz, que não é gajo de se deixar intimidar, vai daí tratou de se esmerar e espetou-nos uma valente alegria etílica, que se tem prolongado desde essa altura.
E assim retornei à minha adolescência, mas mais requintado e mais caro, aliás muito mais caro. Longe vai o tempo em que pedíamos a um qualquer barmen de uma discoteca, "... arranja-me um gin, mas quero gordon's, e bem carregado ..."
Curiosamente, desde a minha adolescência que tive o gosto por esta bebida, vá-se lá saber porquê (tenho uma amiga que diz, "eu não sou alcoólica, sou bêbada, porque os alcoólicos vão a encontros e eu vou a festas") se calhar é disto. É certo que naquela altura (anos 80 e 90) o mais próximo que estive de saborear esta bebida fora dos standards da época, foi quando em plena discoteca de Torremolinos me prendaram com um Lários limon e que nunca mais larguei durante essas férias e as seguintes, pois era fresquinho, escorregava bem, alegrava o espírito, desinibia a vergonha e era uma bebida desconhecida cá no burgo.
Acontece que desde essa altura, muito se evoluiu e trabalhou esta bebida, fazendo dela, hoje em dia, uma bebida complexa e um autêntico teatro de demonstração de habilidades na sua confecção, se o cardinali souber, ainda vamos ter um número de circo inspirado nesta temática. Hoje encontramos gins para gajos (homens de barba rija que gostam é do sabor a gin), gins para gajas (mais frutados e florais), gins para quem não gosta de gin (o gin está lá mas não cheira), chás de gin (as novas infusões) e mais que estão para vir. Confesso que me enquadro mais na gama gins para gajas, sempre dá para estar com elas e tentar perceber as conversas femininas ;-)
Vai daí, como não era fácil arranjar sítios especializados nesta bebida, começámos a tentar fazer e fomos provando. Uns melhores, outros piores e fomos chegando a receitas que nos agradavam. Hoje, o leque de gins premium também aumentou brutalmente, ao ponto de se tornar um problema, para quem não é barmen e só faz isto de vez em quando, lembrar-se de como gostou mais daquele gin. Assim, lembrei-me de tentar reunir aqui algumas receitas que já fizemos e que correram bem, para que se possa consultar em qualquer momento. As que correram mal, também vou fazer referência, pois escusam de passar pela experiência.
É muito interessante, que durante estes anos, a troca de informações e receitas entre nós e amigos que têm bares, tem enriquecido este conhecimento mútuo, fazendo evoluir sabores e técnicas. O engraçado é que muitas vezes, nesses bares, fazemos de cobaias a novas experiências. Se quiserem provar um verdadeiro gin tónico na zona das Caldas da Rainha e Foz do Arelho, podem-no fazer no meu querido amigo Paulo Mendes do bar 120 em Caldas da Rainha, onde serão presenteados com um leque de mais de 30 gins premium feitos a preceito, no meu amigo João do Xadrez bar em Caldas da Rainha, com menos oferta mas com um leque muito interessante de gins e no meu amigo Ricardo Figueiredo do Côcos bar na Foz do Arelho, que tem apostado fortemente na qualidade e no conhecimento mais profundo desta bebida, aqui estarão sempre em casa.
As Vossas contribuições com novas receitas que tenham provado, serão bem vindas, pois irão enriquecer este espaço, que é de partilha.
Abreijos e até já
Amigo João
ResponderEliminarQue bom saber que também és dos meus... e não só no nome (com mais uns pelitos, coisa pouca!!!)
Estive no fim do ano em Barcelona, e o Espanhol entendido no assunto convenceu-me a trazer uma botella de Williams Chase!! Dizia o gajo que se sentia na boca toda!!! Tb, com 48 graus é fácil!! Ainda não provei, depois dou-te novidades!!!
Grande Abraço